Governança Corporativa em risco com o abandono das suas boas práticas
Os eventos ocorridos recentemente no Brasil têm revelado uma tendência alarmante: a designação de conselheiros baseada em relações pessoais ou políticas, em detrimento da competência e expertise necessárias. Esse desvio compromete a capacidade do conselho em administrar de maneira eficaz os interesses da empresa, seus acionistas e demais partes interessadas.
Desprezar os critérios de experiência, capacitação e qualificação durante a seleção de conselheiros é um equívoco que pode acarretar consequências prejudiciais sem precedentes para as empresas, colocando em risco a longevidade de seus negócios. Além disso, a ausência de uma experiência adequada torna os conselheiros mais suscetíveis a influências externas, minando a independência para tomar decisões objetivas em prol da empresa. Isso pode resultar em conflitos de interesse e na adoção de práticas de gestão menos transparentes, o que fere os princípios de governança e compliance
As grandes organizações que estão substituindo conselheiros profissionais por indicados políticos estão enviando uma mensagem clara sobre sua conduta de gestão e ressaltando o quanto a falta de compromisso com a governança corporativa pode ser prejudicial.
Outro impacto está na reputação da empresa. Investidores e partes interessadas estão cada vez mais atentos à governança corporativa, e a indicação de conselheiros inexperientes pode abalar a confiança no conselho e consequentemente na empresa e seus negócios.
É de conhecimento geral que já enfrentamos insegurança e falta de credibilidade em órgãos e instituições que deveriam garantir um ambiente de negócios saudável. Portanto, não é sensato esperar que as questões de governança corporativa ganhem destaque nas agendas dessas entidades brasileiras.
Estamos testemunhando um retrocesso significativo em relação a tudo o que foi conquistado com anos de esforço para implementar boas práticas de governança nas empresas do país. Por outro lado, temos que continuar lutando para estabelecer um ambiente de negócios competitivo, com regras transparentes e posturas empresariais sólidas, a fim de resgatar a credibilidade quanto ao futuro empresarial desse país.